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A vaidade é universal

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No Cairo, fui algumas vezes aos salões de beleza do shopping anexo ao hotel. Pode parecer fútil, mas é possível aprender muito sobre cultura nos papos de salão, ainda mais se estiver disposta a conversar (e eu sempre estou). Em Dubai foi mais difícil interagir, mas pude observar.

As mulheres, em geral, são vaidosas (independente das diferenças culturais ou restrições religiosas). O hijab – a vestimenta islâmica, que inclui o véu – não impede que cabelos sejam arrumados, unhas esmaltadas e rostos maquiados (algumas vezes, maquiados até demais).

No Oriente Médio, os salões são exclusivos para mulheres e completamente fechados: do lado de fora, ninguém vê o que acontece lá dentro. Por um motivo óbvio: as muçulmanas que usam o hijab precisam tirá-lo para arrumar/pintar/cortar o cabelo. Com exceção do marido e dos homens com quem não poderia se casar (pai, irmãos, filhos e – dependendo da interpretação e do conservadorismo da família – cunhados e sogros), a mulher deve se cobrir e se guardar, deixando apenas as mãos e o rosto aparentes. A beleza deve ser apreciada tão somente pelo marido, bem como o uso de perfume e joias.

Sem dúvidas, conversar sobre o hijab com alguém que usa o hijab (desde menina) foi uma experiência muito engrandecedora. Sem imposições (por livre e espontânea vontade) e sem extremismos, o uso do véu é muito bonito, uma demonstração de fé.

Outro dia, enquanto colocava longas unhas de gel (longas mesmo), uma “colega” de salão me contou que é muito comum o serviço a domicílio. Muitas mulheres acham confortável, outras não podem/devem sair de casa sem o marido. Parece algo tão simples, não? Ir e vir quando e onde quisermos. Pois é, nem sempre é tão simples.

A depilação é uma preocupação/obrigação constante para todas as mulheres casadas. As egípcias são mestras na “arte” e depilam tudo, até os braços – não depilar os braços é tão feio quanto não depilar as pernas. Você achava que a “bikini wax” era invenção brasileira? Eu também, mas as árabes são pioneiras, com as mais variadas técnicas e tipos de cera, sem dó nem piedade (interprete à sua maneira). Encerro o assunto aqui, em respeito aos eventuais leitores homens.

Também descobri que os produtos químicos próprios para escova progressiva saem do Brasil e vão parar no Cairo. Lá não é barato manter os cabelos lisos. Contrariamente, depois de alisar, vem o idolatrado babyliss. Todas as mulheres fazem babyliss. “Cabelo tem que ter volume, você não acha?”, perguntou uma delas. “Mas é claro!”, eu respondi, enquanto ela desfazia os cachos com os dedos e chacoalhava a cabeça.

Fazer as unhas é um ritual (foi o que eu mais gostei). Tirar a cutícula e pintar não é suficiente. Antes de tudo, a profissional pega um punhado de óleo essencial com açúcar e esfrega nos braços (ou dos pés até os joelhos) com vigor durante uns 10 minutos. Em seguida, uma toalha úmida (bem quente) e com essência de menta remove o açúcar e o excesso de óleo. Depois, vem “A” massagem. Não é só aquela enganadinha com creme, não. É um verdadeiro spa para braços e pernas. A pela fica macia durante dias. Tudo isso (pé e mão, com produtos de qualidade, no maior shopping da cidade) por menos de US$17,00.

E eu sempre tive uma curiosidade: como algumas muçulmanas – principalmente as mais jovens – fazem aquele coque imenso, quase do tamanho da cabeça. É um aplique, parecido com um pompom. Finalizada a escova, elas prendem o cabelo, fixam o aplique, cobrem com a “meia” e com a shaila (o nome do véu neste caso). Tem algum significado? Não, a intenção é sentir-se mais bonita e deixar o rosto mais harmônico.



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